Inteligência
artificial vai nos levar a uma Singularidade Tecnológica?
Com
informações da New Scientist - 04/04/2016
O aprendizado de máquina
ajudou um programa de inteligência artificial a aprender a
escrever, enquanto outra rede neural artificial já aprende
palavras, imagens e música.[Imagem: Danqing Wang]
Singularidade tecnológica
A derrota do vice-campeão de Go
por um programa de computador criado pelo Google causou um frisson na Coreia do
Sul, onde o jogo é muito mais popular do que o xadrez.
Quase ao mesmo tempo, uma
conferência realizada em Berlim, na Alemanha, reuniu os maiores especialistas
do mundo em inteligência artificial para debater a questão que cientistas,
futurólogos e preocupados em geral se fazem há décadas: até onde a inteligência
artificial pode ir?
Será que os programas de
computador realmente se tornarão tão inteligentes quanto o homem? Será que
estamos realmente caminhando para a chamada singularidade tecnológica?
A singularidade tecnológica é
definida como uma data no futuro quando a inteligência das máquinas supera a
nossa própria inteligência e passa a melhorar-se a um ritmo exponencial, não
dependendo mais do ser humano.
Hardware humano
Danko Nikolic, um neurocientista
do Instituto Max Planck de Pesquisas do Cérebro (Alemanha), não se amedrontou
de estar diante de uma plateia formada pelos principais pesquisadores da
inteligência artificial e fez uma afirmação ousada: "Nunca faremos uma
máquina que seja mais inteligente do que nós".
"Você não pode exceder a
inteligência humana, nunca. Você pode assintoticamente [que tangencia, mas não
coincide] aproximar-se dela, mas você não pode excedê-la," sentenciou o
neurocientista.
Nikolic está convencido de que
muitos pesquisadores de inteligência artificial que acreditam o contrário estão
negligenciando um aspecto importante da inteligência humana: o cérebro não é o
único hardware que os seres humanos precisam para serem bons em aprender as
coisas.
Para ele, as ferramentas mais
básicas para o aprendizado são as instruções contidas em nossos genes,
aprimoradas ao longo de bilhões de anos de evolução. Técnicas de aprendizado de
máquina podem imitar o cérebro, mas não contam com os elementos mais profundos
que nos ajudam a aprender. A única maneira de chegarmos perto de uma mente
artificial que aprende tão bem quanto nós é repetir a evolução humana, defende
Nikolic.
Um processador neuromórfico com
plasticidade cerebral foi o que mais se aproximou até agora do
hardware cerebral humano. [Imagem: Science China Press]
Imprevisível
Mas talvez a singularidade chegue
em outras configurações.
Para vários dos especialistas que
participaram do debate, a singularidade tecnológica pode ser melhor imaginada
como uma aceleração do progresso humano, apesar de ser alimentada por um avanço
tecnológico no futuro próximo. Para eles, trata-se de colocar as mentes humanas
e a mentes artificiais juntas para resolver problemas do mundo real.
Isto parece já estar acontecendo,
conforme demonstrado há poucos dias quando um "físico quântico robótico"
fez descobertas inéditas.
Outro ponto levantado pelos
especialistas é que, se a singularidade será atingida por inteligências
artificiais formadas a partir de grandes quantidades de dados humanos, e se
deveremos trabalhar ao lado dessas inteligências sintéticas, então queremos que
elas sejam tão diversas quanto nós somos.
Mas, no frigir dos ovos, é
difícil prever não apenas qual seria o grande avanço que faria a inteligência artificial dar
um salto tecnológico que a levaria à singularidade, como também o que poderia
acontecer depois disso, já que, tornando-se as máquinas mais inteligentes do
que nós, nossas mentes tornam-se incapazes, ou inadequadas, para imaginar o que
elas seriam capazes de fazer.
"A razão pela qual eles
chamam de singularidade é que é um ponto além do qual você não consegue enxergar.
Uma vez que as máquinas atinjam níveis humanos de inteligência, você não pode
começar a imaginar o que vai acontecer," alertou Mehmet Akten, um
cientista da computação e artista que estuda inteligência artificial na
Universidade de Londres.
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