Chit: A
primeira célula de memória química
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 18/05/2017
A célula de memória química é
formada por um arranjo simples de três gotículas, cujo contato mútuo produz
reações químicas oscilatórias. [Imagem: IPC PAS/Grzegorz Krzyzewski]
Chit: um bit químico
Em um mundo mergulhado em dados e
sedento por velocidade de processamento, uma nova unidade de armazenamento acaba
de se juntar à família dos bits, trits e qubits.
O novo membro da família é o chit
(chemical bit), uma unidade química de armazenamento de
dados que acaba de ser demonstrada por Konrad Gizynski e Jerzy Goreckia, da
Academia Polonesa de Ciências de Varsóvia.
Reação oscilatória
A unidade de armazenamento
química é formada por um arranjo simples de três gotículas, cujo contato mútuo
produz reações químicas oscilatórias. O dado é guardado conforme as reações se
propagam de forma cíclica, sustentada e de um modo totalmente previsível.
A reação fundamental é bem
conhecida dos químicos, a reação de Belousov-Zhabotinsky, uma reação
oscilatória na qual, quando um ciclo termina, os reagentes necessários para
começar o próximo ciclo são reconstituídos na própria solução - é o mesmo
princípio usado recentemente na demonstração de um processador químico
experimental.
Tipicamente essas reações
perduram por centenas de ciclos e são acompanhadas por uma mudança regular na
cor da solução, causada pela ferroína, o catalisador da reação. O segundo
catalisador utilizado pelos pesquisadores poloneses foi o rutênio, que fez com
que a reação Belousov-Zhabotinsky se tornasse fotossensível: quando a solução é
iluminada por luz azul, ela é desligada, deixando de oscilar.
"Nós podemos então associar
uma sequência de excitações com o valor lógico 0, outra com 1, e alternar entre
elas, ou seja, para forçar uma mudança particular no estado da memória nós
usamos luz," explicou o professor Gorecki, explicando o mecanismo que
torna possível gravar e apagar o dado no chit.
Esquema
do experimento para demonstração do bit químico. [Imagem: Gizynski/Goreckia -
10.1039/c6cp07492h]
Melhor que o bit
"Na verdade, nosso bit
químico tem um potencial ligeiramente maior do que o bit clássico. Os modos de
rotação que usamos para registrar os estados 0 e 1 têm os períodos de oscilação
mais curtos de 18,7 e 19,5 segundos, respectivamente. Portanto, se o sistema
oscilar mais lentamente, poderíamos falar de um terceiro estado lógico
adicional," disse Gizynski.
Isto, contudo, não equipara o
chit ao trit, porque esse terceiro estado seria mais apropriadamente usado para
correção de erros nos dois outros, e não para armazenar um novo dado.
É um primeiro passo rumo a uma
nova plataforma para um computador químico - os
mais puristas dirão que, para que um computador seja inteiramente químico, será
necessário desenvolver métodos químicos adicionais, já que ler o conteúdo do
chit ainda exige um método físico, pela detecção da cor emitida pela solução.
Bibliografia:
Chemical memory with states coded in light controlled oscillations of interacting Belousov-Zhabotinsky droplets
Konrad Gizynski, Jerzy Goreckia
Physical Chemistry Chemical Physics
Vol.: 19, 6519-6531
DOI: 10.1039/c6cp07492h
Chemical memory with states coded in light controlled oscillations of interacting Belousov-Zhabotinsky droplets
Konrad Gizynski, Jerzy Goreckia
Physical Chemistry Chemical Physics
Vol.: 19, 6519-6531
DOI: 10.1039/c6cp07492h
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